Micheli Walker é campeã na modalidade vaca parada do 16ª Rodeio Nacional de Campeões

Quando se fala em cultura, muitas pessoas lembram
somente de música, arte, dança….. Muitas vezes até confundem cultura com
noções de educação, desenvolvimento, bons costumes e etiquetas, mas a cultura
vai muito além disso. Uma delas é a cultura gaúcha. Uma cultura caracterizada
por hábitos e costumes do gaúcho, que é lembrado pela sua indumentária, seu
hábito de tomar chimarrão, o gosto pelos cavalos, pelo gado e principalmente
pela paixão por rodeios. Uma cultura que preza por valores essenciais na vida
do ser humano, como educação, caráter e respeito.

 Na sexta-feira
(19) oito pessoas do município de São Bernardino estiveram acompanhando Micheli
Walker e Iasmym Motter no 16º Rodeio Nacional de Campeões que aconteceu em
Jataí-GO. O evento é a reunião de todas as atividades tradicionalistas sendo as
esportivas, campeiras e artísticas gaúchas. Reúne participantes de 15 estados
da Federação.

As prendinhas do município estavam entre as cinco
representantes de Santa Catarina. Na equipe conquistaram o 2° lugar. E não foi
só esse troféu. Para orgulhar ainda mais o município e a família, Micheli com o
maior número de armadas positivas entre todas as competidoras do laço
bonequinha conquistou o "Braço de Ouro" que é o 1º lugar no laço
individual. Sendo que os vencedores deste evento são os campeões nacionais em
suas respectivas categorias, título que será mantido por dois anos.

Micheli apesar de ter apenas 6 anos afirmou ter
sentido muita emoção quando percebeu que ficaria campeã. "Senti uma emoção
muito grande, deu vontade de chorar, quando eu consegui pegar as armadas do sábado
eu vi que podia ficar campeã", afirma a pequena.

Como ocorreu a
classificação?

Micheli esteve participando do Rodeio Nacional, devido
a sua classificação que ocorreu pelo número de armadas positivas que ela
conseguiu na temporada passada nos rodeios da 13ª Região Tradicionalista. As cinco
melhores colocadas da região conseguiram vaga para a Seleção Estadual que
aconteceu em março em Chapecó.

No estadual, Micheli competiu com cerca de 60
integrantes das 17 regiões tradicionalistas de Santa Catarina e conquistou o 3°
lugar no estado. As cinco melhores colocadas do estado conseguiram vaga para a
equipe catarinense, que no brasileiro conquistou o 2° lugar.

Na disputa do nacional se fizeram presentes os estados
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Federação do Planalto Central. Estados que fazem parte da Confederação
Brasileira de Tradições Gaúchas (CBTG).

Incentivo é
tudo

Micheli tem 6 anos, é filha de Cassiano Walker e Aline
Riffel. Segundo a mãe, a menina aprendeu a laçar com o pai, avô e primos. Fazem
dois anos que ela começou a laçar com os primos, mas oficialmente em rodeios começou
em outubro de 2012. Afirma que desde o início sempre teve acompanhamento e
incentivo. "Quem acompanha ela nos rodeios normalmente sou eu, o pai e os avôs".

Ao todo a prendinha já conquistou 15 troféus com os dois
do nacional e mais um de 3º Lugar no Laço Bonequinha da Seleção Catarinense,
que garantiu a ela a vaga para o nacional. "Ela tem incentivo de toda a família
e de muitos amigos que nós conhecemos nos rodeios", afirma Aline.

Além de laçar, ela se dedica aos estudos e aos animais
que tem em casa. Para a família é um orgulho, pois como diz o avô Mauricio
Walker, "no rodeio não tem violência e drogas, a diversão dessas crianças é no
rodeio e não na rua". Ele que tem o filho Cassiano, o neto Mateus e as três netas,
Evelyn, Iasmym e Micheli, sempre envolvidos em rodeios.

Mas segundo a mãe Aline, Micheli não só recebe
incentivo como também serviu de incentivo para o avô Inácio Riffel participar
mais de rodeios. "A participação do pai nos rodeios só cresceu devido a
participação da Micheli. Ele já gostava, mas com a participação da neta ele se
animou a sair do município para acompanhar ela em muitos rodeios".

Inacio confirma e ressalta que só o fato de estar
acompanhando ela em uma competição em nível nacional já era alegria suficiente,
mas ver a neta sendo campeã de uma competição difícil é muito emocionante. "A
felicidade que a gente sente com cada armada que encerava, não tem explicação,
é emocionante mesmo e o gosto pelo rodeio só cresce".

Para Aline, uma cultura passada de pai para filho que
traz muito orgulho e alegria para toda a família. "Eu como mãe, fico muito
feliz com essa conquista, porque desde que ela nasceu estou sempre com ela nos
rodeios e há alguns anos atrás quando pedi pra ela se ela queria laçar,
chorando ela me dizia: Eu não vou conseguir, eu não quero! E agora em questão
de 10 meses, ela conquistou o Brasil com aquele rostinho sério e braço firme na
reboleada do laço", afirma a mãe orgulhosa.

Está no sangue

Os
rodeios são um incentivo para que desde novinhas, as crianças se ocupem com
atividades saudáveis, aprendendo valores e, assim, não tenham tempo para se
envolver com outros perigos que o mundo as oferece.

Para
a mãe de Iasmym, Silmara Walker Motter, é um orgulho ver as filhas fazendo
parte da cultura gaúcha. "No inicio quando elas começaram a participar dos
rodeios eu ficava preocupada por elas irem sozinhas com o avô, mas em rodeio da
para confiar porque em um espaço assim sempre estarão bem cuidadas, não só
pelos avós, mas por todos", ressalta.

Ela
também espera que esse amor e essa vontade de participar das atividades gaúchas
seja hereditária e cada vez cresça mais. "Isso é algo que não pode parar. É uma
cultura que deve ser passada de pai para filho tendo sempre continuidade. As
meninas começaram na vaquinha parada, mas daqui uns anos vão laçar na cancha e
assim vai. Um trabalho passado de geração pra geração", afirma.

O
avô orgulhoso, Maurico Walker, destaca que se a criança vai junto nos rodeios
desde pequena já se cria dentro do CTG. "As nossas crianças, por exemplo, não
vêem a hora que chegar o final de semana para irem pro rodeio, então durante a
semana eles não pensam muito em ir pra rua fazer folia, ficam se organizando
pro final de semana".

Carreata

As vitoriosas chegaram na terça-feira (23) e foram
recepcionadas pela família, amigos e autoridades. O vice-prefeito, Leandro
Galupo e o secretário municipal de educação, cultura e esportes, Ederson
Bevilaqua, receberam as meninas com muito orgulho e parabenizaram as duas e os
familiares pela conquista.

O prefeito municipal, Ivo Ludwig, não esteve presente
na recepção mas destacou a importância para o município em ter um título como
esse. Colocou a administração municipal a disposição para o que fosse preciso. "Com
certeza é um orgulho para todos nós ter uma campeã brasileira de laço, é um
motivo ainda maior para que incentivamos ainda mais a cultura no nosso
município", afirma.

O atual patrão do CTG de São Bernardino, Lacir Piaia,
também acolheu as meninas e as parabenizou pelo sucesso.Para Micheli uma
surpresa. "Foi bem legal chegar aqui e ver um monte de gente me esperando. Gostei
bastante."

 

Texto: Dieila Zanetti